X & Y (Parte 1)
Este blog tem estado quase inactivo no último mês e, para contrariar esta tendência, vou partilhar com todos os interessados algo que escrevi nestas férias: uma peça!
Sim, uma peça escrita nas serenas e frescas noites do Gerês, onde passei uma semana. A técnica foi escrever sem parar ou pensar. O título ainda é provisório (X & Y) e a escrita ainda está por delapidar, mas se resultar ficará mesmo assim.
Espero que gostem, deixem comentários :)
X & Y (Parte 1)
Entra em cena uma mulher e começa imediatamente a falar no fundo do palco.
(Mulher) – Não vale a pena eu estar a esforçar-me muito com apontamentos decisivos e essenciais para o desenvolvimento da peça neste preciso momento porque penso que esteja provado que nos primeiros 60 segundos o público, vocês, não escutam nada do que os actores e actrizes possam dizer.
Ah, sim, reconheceram alguém na última fila e decidem acenar… ou, até, talvez, quiçá, enviar uma sms para avisar esse hipotético alguém que se encontram uns lugares mais à frente, mas que não podem atrapalhar a actriz em palco, eu, que depois falam no final. Depois, e finalmente, desligam o telemóvel que solta um ruído infantil, penoso e, acima de tudo, ruidoso… o que é óptimo, ao ecoar por toda a sala, o ruído do telemóvel a desligar-se lembra as restantes pessoas que também se esqueceram do telemóvel ligado a desligá-lo. Claro que haverá sempre um espertalhão que pensará para si próprio mais o seu nariz empinado: «Eu não vou desligá-lo… vou metê-lo no SILÊNCIO!!!!!
Mulher enfrenta o público e chega-se a ele, centrada no palco.
(Mulher) – Sou mulher. Sou mulher. Sou mu-lher. Sinto um certo orgulho nostálgico ao dizer estas palavras repetidas, mas são elas que me definem num espaço limitado como me enchem de vida e me fazem gritar, olhos nos olhos: SOU MULHER!!!
Entra em cena um homem.
(Homem) – E com uns belos pulmões pelo que posso constatar! Mas do que vale o orgulho feminino se o próprio feminino não é nem melhor nem pior que o masculino? Para que servem esses teus gritos de lutadora se, na realidade, és simplesmente uma mulher, para o bem e para o mal? Sim, podes ter uma afinidade inegável com as emoções à flor-da-pele, mas esse teu decote também não deverá ser santo!
(Mulher) – Santo não é nem deixa de ser, pois quem o santifica são os olhos de quem o vê, por isso não venhas com acusações dessas.
(Mulher) – Não vale a pena eu estar a esforçar-me muito com apontamentos decisivos e essenciais para o desenvolvimento da peça neste preciso momento porque penso que esteja provado que nos primeiros 60 segundos o público, vocês, não escutam nada do que os actores e actrizes possam dizer.
Ah, sim, reconheceram alguém na última fila e decidem acenar… ou, até, talvez, quiçá, enviar uma sms para avisar esse hipotético alguém que se encontram uns lugares mais à frente, mas que não podem atrapalhar a actriz em palco, eu, que depois falam no final. Depois, e finalmente, desligam o telemóvel que solta um ruído infantil, penoso e, acima de tudo, ruidoso… o que é óptimo, ao ecoar por toda a sala, o ruído do telemóvel a desligar-se lembra as restantes pessoas que também se esqueceram do telemóvel ligado a desligá-lo. Claro que haverá sempre um espertalhão que pensará para si próprio mais o seu nariz empinado: «Eu não vou desligá-lo… vou metê-lo no SILÊNCIO!!!!!
Mulher enfrenta o público e chega-se a ele, centrada no palco.
(Mulher) – Sou mulher. Sou mulher. Sou mu-lher. Sinto um certo orgulho nostálgico ao dizer estas palavras repetidas, mas são elas que me definem num espaço limitado como me enchem de vida e me fazem gritar, olhos nos olhos: SOU MULHER!!!
Entra em cena um homem.
(Homem) – E com uns belos pulmões pelo que posso constatar! Mas do que vale o orgulho feminino se o próprio feminino não é nem melhor nem pior que o masculino? Para que servem esses teus gritos de lutadora se, na realidade, és simplesmente uma mulher, para o bem e para o mal? Sim, podes ter uma afinidade inegável com as emoções à flor-da-pele, mas esse teu decote também não deverá ser santo!
(Mulher) – Santo não é nem deixa de ser, pois quem o santifica são os olhos de quem o vê, por isso não venhas com acusações dessas.
(a continuar em breve)
4 Comments:
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Don't quit your day job.
Vamos ver no que dá essa peça, mas já estou a imaginar a mulher com um ar de Maria vai com as outras e o homem um pouco engatatão ;)
Esta parte leu-se num instante... quero mais :)
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