Desculpa-me

Desculpa-me ontem.
Desculpa-me hoje.
Desculpa-me amanhã.
Desculpa-me a diferença.
Desculpa-me a indiferença.
Desculpa-me as lágrimas e as mudanças de humor.
Desculpa-me o silêncio e o olhar distante que tenho contigo.
Desculpa-me não querer mais nada nestes lençóis amarrotados.
Desculpa-me a obsessão, a possessão e a desilusão que vivo agora.
Desculpa-me encerrar os olhos quando tu neles procuras uma resposta.

Desculpa-me, mas desculpa-me a sério, porque não quero que me abraces e me digas que vai tudo correr bem enquanto me apunha-las as costas e sentes escorrer o sangue que cobre as tuas mãos, que me acariciam, de vermelho e que pinga sobre o chão que piso.

Desculpa-me, mas desculpa-me mesmo, porque o acto de desculpar não é um fim, mas um início, não é desculpar, estalar os dedos e já está! Voltando tudo ao normal. Não! Não é nada disso, principalmente quando desconheço o que é o normal que procuro, porque o normal que vivemos os dois repugna-me e, agora, fico assim, sem saber como viver contigo.

Desculpa-me, se é isto que queres, não sei sentir as coisas de uma outra forma por mais que eu tente colocar o passado para trás de mim e de ti, porque o passado é também presente quando frente aos meus olhos revejo e imagino tudo o que aconteceu que me contaste e não me contaste. Isto faz com que eu sinta que a imagem de aliado que tinha de ti desapareça diante de mim. Continuas a meu lado, sim, mas não como dantes, porque já não sinto necessidade da tua protecção pelo simples facto de não seres forte o suficiente contigo próprio, quanto mais comigo… mas, repito, continuas a meu lado, e isso pode ser um bom (re)começo, espero.

Desculpa-me isto, amor.