Fotografia de Vida: 5

Uma janela que, tal como a vida, mostra-nos as rugosidades que a fazem, o vidro partido, a tinta raspada, a sujidade, a madeira torta... tudo para nos mostrar também que, acima de tudo, esta janela teve uma vida cheia...

Bairro Alto

Decidi escrever este artigo pois o Bairro é um espaço único em Portugal.

Vou frequentemente ao Bairro beber um copo e ali fico no meio da rua, em frente ao 41 a falar com os amigos com quem estou e a ver quem passa, fazemos alguns comentários sobre uma ou outra personagem digna de ser comentada, cumprimentamos alguns amigos ou conhecidos que passam.

Já vou ao Bairro há uns anos, e sempre parei naquela zona junto ao Clube da Esquina e nunca reparei nas “movimentações” que por ali havia.
Actualmente apercebo-me de coisas que se visse enquanto frequentador hetero tinha morrido, lol.
Começando por beijar os amigos que aparecem, um ou outro casal gay de mão dada ou abraçados.

Os outros fazerem nunca me assustou, confesso que há uns meses atrás não me via a mim a beijar homens, na cara que fosse, em plena via pública. Mas o tempo passa e as mentalidades mudam, sendo eu muito open mind (lol) depois de me terem dado dois beijos pela primeira vez e ter ficado muito embaraçado, passei a não dar importancia e agora é uma beijoquice pegada, sem qualquer problema e sem qualquer tipo de pudores.

Há umas semanas atrás chego ao Clube da Esquina e vejo um colega de trabalho, hetero, casado e que foi pai recentemente e lembrei-me que “quem anda à chuva molha-se”. Não aconteceu vir ninguém dar-me uns beijos, confesso que ia sentir-me embaraçado, embora os amigos saibam da orientação sexual, no trabalho homosexualidade é tabu, ia ser um problema...
Vou continuar igual a mim próprio, beijoqueiro como sempre mas mais prudente.

“Beijos” para todos.

O salto

Salto perante a vida, esta que me consome com o seu vento, com a sua prisão, com o seu sol, com a sua violência na queda.

Salto... mortal?

Não sei... talvez... que importa isso se só se chega a saber na derradeira queda? Por isso eu salto, quando o solo se fazer surgir impune perante a minha face, apenas olharei para cima, para o sol...

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Foto capturada por Pralaya.

O Ponto

Conforme contei anteriormente levei 6 pontos e estive debilitado fisicamente durante um mês e meio, período particularmente complicado para quem está habituado a ter uma vida sexual activissima,lol.Acreditei porque estava sozinho que ia encontrar alguém nesse periodo que ia se interessar por mim não pelos dotes de "boa cama" mas por aquilo que eu sou como pessoa e que teria oportunidade de me conhecer como ninguém até à data no mundo gay me tinha conhecido (refiro-me obviamente a relações) pois não poderia haver cama.Estava redondamente enganado.Falava à algum tempo com um rapaz na net que tinha conhecido via Gaydar, ele era muito simpático, tinhamos conversas bem interessantes e nunca falámos em sexo na net. Tinhamos combinado encontrarmo-nos numa terça-feira para beber um café, eu fui operado no Domingo mas decidi ir beber o café com ele de qualquer forma, o assunto nunca tinha sido sexo, logo, não havia razão para não bebermos o café.Na terça feira ás 19.30 lá estava à porta das Galerias do Chiado à espera dele, bebemos um café pelo Chiado, eu passados 2 minutos estava a contar-lhe tudo o que se tinha passado, ele pareceu entender tudo. passamos horas a falar, ele sempre muito simpático, a conversa voltou a não sair dos assuntos mundanos e sérios. Repetimos o café diariamente durante uma semana, sempre com assuntos bem interessantes , houve um dia que nos beijamos, depois outro beijo e outro.A minha pila operada quase que rebentava de tanta dor, eu já estava a ver um dos pontos me rebentar e ter que repetir toda aquela operação de Terror,lol. Ele sabia o que se passava e não estava à vontade. Expliquei que podia demorar cerca de um mês, ele disse que não tinha qualquer problema.Eu estava a tomar uns comprimidos que tinha pedido ao médico para retirarem o libido sexual, sem libido não fiquei, mas fiquei com um sono horrivel, dormia a qualquer hora e em qualquer sítio...Convidei-o para ir ao Teatro, a peça era a "Casa da Boneca" no Teatro Estudio Mário Viegas, tive o azar de tomar o comprimido logo a seguir ao jantar que fizemos no restaurante chinês, fiquei quase a dormir...A peça começou as luzes apagaram-se e eu lutava contra um sono que me consumia, os olhos fechavam-se, eu tentava manter-me acordado mas era Missão Impossivel.Os amigos sabiam o que se passava e não estranharam, ele olhava para mim e fazia um ar paternalista. Foi a nossa ultima saida, a partir dai nunca mais saimos os dois, ele disse-me que estava com muito trabalho e que não ia poder beber cafés na semana seguinte, sabendo eu que ele trabalhava numa loja que fechavas ás 19.30 entendi a mensagem e serviu de lição..

Ficar (Canção de embalar)

Ah se eu pudesse não partir
Eu ficava aqui, contigo
Se eu pudesse não querer descobrir...

Ah se eu pudesse não escolher
Eu juro, era este o meu abrigo
Se eu pudesse não saber que há mais...

Mas como pode a lua não querer o céu?
Como pode o mar não querer o chão?
Como pode a vontade acalmar o desejo?
Como posso eu ficar?...


(Margarida Pinto)

Nota: Esta canção espelha exactamente aquilo que eu sinto neste momento e é um dos melhores temas que já escutei...

Fotografia de Vida: 4

Baleal - Peniche

A vida é torta e inclinada tal como estas rochas, só me resta compreender se elas sobem, se elas descem...

Quero acreditar que estejam a subir, imponentes...

A Sede

Tenho sede de vida, tenho sede, Sede!!!!

Quero beber e engolir, porque não se mata a sede se apenas saborearmos o seu líquido e depois o cuspirmos quando o sabor doce se desvanece.

Tenho sede e assim continuo…


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Nota: Fotografia de Tiago.