A Confissão- Parte II
Olhei- lhe nos olhos e disse: “Eu sou Gay”.
O meu sobrinho engoliu em seco, não estava de todo à espera de uma noticia bombástica a seguir a um jantar com o tio e depois de vermos um jogo do Sporting na TV.
Eu bebi mais um trago do copo de vinho e continuei a falar.
Disse que a cumplicidade que tinhamos desde que nasceu caso eu continuasse a omitir esta nova fase da minha vida deixaria de existir. Que já tinha tetado um cem nº de vezes falar com ele e que por uma razão ou outra não o tinha feito.
Decidi contar algumas histórias, falei nos novos amigos (que ele já conhecia), disse-lhe que sentia que a partilha podia ser muito maior se eu lh pudesse contar tudo.
Chegou a vez dele por cartas na mesa, começou por dizer que sempre que conta anedotas de gays não está a querer dar uma conotação negativa aos mesmos (ele é muito dado à comédia) que tanto conta de gays como de alentejanos ou brasileiros,lol.
Que tinha muito orgulho no tio que tinha independentemente da orientação sexual e que para ele nada mudava.
Confesso que para mim mudou tudo. O alívio foi enorme, a minha forma de estar e de usufruir os momentos mudou completamente.
A relação com o meu sobrinho está melhor que nunca, falamos ao telefone cada vez mais, nos primeiros dias era ele que ligava só para dar um olá e saber como eu estava, no dia do meu aniversário ele era o simbolo da felicidade na festa. Saiu comigo, divertiu-se muito no Bairro Alto e nos sítios friendly, fez sucesso com as mulheres (como sempre).
Penso que cada vez mais temos orgulho um no outro, é engraçado analisar agora a forma como o meu irmão e a minha cunhada olham para a relação dos dois, porque sabem que algo mudou, mas não conseguem entender o quê.
Fica para um futuro próximo.
Até já