A Confissão
Faz algum tempo que o assunto me incomodava. Tinha decidido para mim mesmo que teria de ter a conversa com a maior brevidade possível para não trair a cumplicdade que nos unia e para não me trair a mim próprio. Ainda me recordo de no Verão estar na praia e dizer aos meus amigos que não passava de Agosto, que teria com toda a certeza tempo para estar com ele e contar, mas, sempre que estavamos os dois o assunto não surgia, ficava com um garfo na garganta e as palavras não saiam.
Fez 3 anos em Março que tive a minha primeira experiência homosexual, axei que seria uma boa altura para falar com ele, desta vez não o disse a ninguém, pensei para mim próprio que durante o jantar falaria com ele.
Estou cheio de novos projectos, casa nova, obras, trabalhos bastante aliciantes com perspectivas de no futuro virem a dar frutos visiveis. O Alex, meu sobrinho, sempre fez parte dos meus projectos, sempre me teve como uma referência a seguir e aqui está o bugilis da questão, o meu grande receio era ele pensar que esta era também uma referência a seguir. Percebi que tem uma relação estável com a namorada e que não seria por mim que iria alterar a sua orientação sexual. E assim foi, naquele Sábado e que combinamos um programa a dois, daqueles que tanto gostamos de fazer e que tão pouco temos feito, almoçamos em familia e partimos os dois para o Meco.
No Bar do Peixe dei o primeiro sinal, a focus daquela semana tinha o título “Sair da Gayola”, ele deu uma olhada para ver os Gays famosos, mas eu não consegui na hora puxar a conversa.
Pensei para mim próprio que não podia deixar passar mais um dia e já em casa, pus-me a fazer o jantar, disse-lhe que ia tomar um banho, ele ficou pela cozinha a preparar as coisas, deixei uma garrafa de vinho aberta e meti-me na banheira.
Sentamo-nos a jantar e eu já ia no terceiro copo, o futebol acabou na TV, eu virei-me para ele e disse “temos de falar”, ele disse-me para dizer o que tinha a dizer.
Olhei-lhe nos olhos e disse que era Gay.
A reacção vem na Confissão- Parte II.
Até já